Ao primeiro
mergulho o corpo arde.
Ao segundo
mergulho o corpo devora
o próprio ar. A
experiência do deserto cresce onde a cidade
tem o seu modo
próprio de substituir o ar por este incêndio de escaparates, vidros pisados,
magia
das máquinas
espelhadas numa paisagem de vitrinas vazias, de corredores
que se
multiplicam infinitamente pelo espaço onde esta carta se escreve.
Lia é uma forma
de dizer a maldade
não conta para
esta inútil colecção de pormenores. No fundo, sabes
que existe um
império de corpos respirados,
mortos na matéria
da subsistência deste teu pobre aparato de ligações em branco, tendões, espumas
que teimamos em partilhar.
É onde o verão se
insinua.
Recordas acaso
esse deserto.
Lia mergulha e a
princípio o corpo arde.
Depois o corpo
pesa.
A cabeça o colo
pesa o corpo pesa.
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