sábado, 18 de outubro de 2014

            Ela entrou no silêncio como quem entra em casa.
         Lia demorou-se um pouco com os sacos de pano na mão. Olhou a sala. Cadeiras, jarras, loiças, malas. No seu rosto não havia o menor sinal de surpresa. Era quase como quem não visse.
         Avançou em silêncio para o centro da sala. Poisou os sacos, ambas as mãos sobre a mesa. Depois levou as mãos ao ventre como se apontasse o útero. Como se cercasse o lume com ambas as mãos. Como se dissesse olha             como se eu lhe dissesse diz            como se ela dissesse nada    
         É que esta casa é só chão é sal é raiz


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