quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Um dia pediu-me diz-me por favor um verso de Kavafis, mas eu não sei, isto é, eu não tenho nenhum aqui de memória, posso ler-to depois, se assim o desejares, respondi-lhe, mas ela não, diz-me de qualquer forma, diz-me um verso de Kavafis, diz-me um verso que fale de Ítaca, mas se Ítaca morreu, disse-lhe, foram tantos, sei lá, que já o disseram. Ainda assim fiz-lhe a vontade, eu fiz-lhe sempre a vontade, porque sabia bem que a comoção tem os seus limites, mas também a sua virilidade, foste tu próprio quem mo disse, a vontade é o nosso excesso a querer conquistar um espaço para dançar nas barbas da morte, às portas da inteligência.

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