Um dia pediu-me diz-me por favor um verso de Kavafis, mas eu não sei, isto é, eu não tenho nenhum
aqui de memória, posso ler-to depois, se assim o desejares, respondi-lhe,
mas ela não, diz-me de qualquer forma,
diz-me um verso de Kavafis, diz-me um verso que fale de Ítaca, mas se Ítaca
morreu, disse-lhe, foram tantos, sei
lá, que já o disseram. Ainda assim fiz-lhe a vontade, eu fiz-lhe sempre a
vontade, porque sabia bem que a comoção tem os seus limites, mas também a sua
virilidade, foste tu próprio quem mo disse, a vontade é o nosso excesso a
querer conquistar um espaço para dançar nas barbas da morte, às portas da
inteligência.
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